O espírito do "que caminha pelas matas", em nós habita. Que haja fôlego e disposição.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Acampamento na Praia de Naufragados - Florianópolis/SC (reveillón 2011)

Vista Aéra da Praia de Naufragados (extremo sul) - Fpolis/SC



Eu, Bruno, estou passando férias, desde o dia 27 de dezembro na Ilha da Magia, ou seja, Florianópolis, ilha banhada pelo Atlântico Sul. A cidade, é a capital do Estado de Santa Catarina. Desde o início de minha adolescência freqüento, nos períodos de férias, as belas paisagens do lugar. Sempre fui fascinado pela ilha.
Agora, com maturidade suficiente, e depois de ter tomado conhecimento de algumas pessoas interessantes, habitantes da ilha, criei laços fortes com o meus amigos, e com o ambiente.
Hoje em dia, conheço bem todos os arredores da ilha. Ando com desenvoltura pelos seus bairros e praias. Assim sendo, tenho uma liberdade que, há muitos anos venho trabalhando - minha independência de localização e locomoção. Saber andar por onde se está.



30/12/2010

No dia 30 de dezembro de 2010, uma turma partiu do Morro do 77, no bairro da Trindade - onde localiza-se a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Essa turma, consistia em: eu, Fernando, Mei, e Franco, que auxiliados pelo meu pai que nos deu uma carona, partimos para Naufragados as 10:00a.m. O trajeto do local onde estávamos, até a entrada da trilha que da acesso ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, e por conseguinte, a Praia de Naufragados.
Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
Trilha através do Google Earth
Início da Trilha

A duração da trilha, gira em torno de 50 min (sem bagagem) 70 min (com bagagem). Formada por um barro traiçoeiro, que, molhado, leva muitos ao chão. O trajeto é marcado por uma grande inclinação, o que dificulta e desgasta o físico do trilheiro rapidamente. A dica é economizar energias, e seguir na marcha que mais convenha. Despois de alcançar o ponto mais alto da trilha, ela agora toma formas de um declive longo e acentuado, que na ida acaba ajudando transpassar o percurso, mas já na volta acaba prejudicando um pouco - imaginem que os 25% de subida e os 75% de descida no início, se transformarão em 75% de subida, e 25% de descida. Na ida, a descida proporciona lindas paisagens, que pegam quem faz a trilha pela primeira vez, de supresa. Das mais agradáveis.
Durante boa parte da trilha, percebe-se claramente a composição da Mata Atlântica quase que intacta (são apenas uma ou outra intervenção do homem que é perceptível). Logo ao seu final, a característica do ambiente, começam a evidenciar-se, como das comuns composições de flora de litoral. A mata densa e extremamente verde, dá lugares a descampados com o terreno arenoso, onde encontram-se em sua variedade vegetativa, plantas como cactos, árvore chapéu de couro, além de arbustos rasteiros e resistentes à longos períodos de estiagem.

 O início da trilha não revela o esplendor
 Acesso difícil
 Corredeira de um riacho na trilha. Água geladíssima e super potável
Dentro das matas fechadas no entorno da trilha
 Ja chegando próximo à praia
 
Casas construídas no meio do mato, próximas à trilha


Como é de costume de turistas e de nativos, na virada de ano muitos acampam nos arredores de Naufragados. Ao chegarmos bem mais próximo da praia, conseguíamos ver vários acampamentos armados nas clareiras da mata (claro que semopre protegidos do sol). Depois de pouco andar  já nos deparamos com um riacho que encontra o mar, tornando sua água salobra, mas que, mais além nos será muito útil.
Riacho de águas salobra

Andamos mais um pouco adentro da mata, e escolhemos nosso lugar para acampar. Era uma boa clareira de cerca de 50m, que era protegida pro frondosas copas de árvores ao redor. Logo armamos o acampamento, e nos deparamos com um problema. Pelo fato de muitos procurarem o lugar para acampar, a lenha seca estava escassa. Mais tarde haveríamos de ter problemas para a fogueira da noite, aquela que ilumina as faces e espanta os mosquitos. Por quanto, utilizando a técnica da lata de refrigernate cortada, com álcool dentro, e um pedaço de carvão, Fernando, prontificou-se á fazer o almoço. Estávamos completamente fartos de provisões. Tudo dava a entender que, se apenas nós quatro utilizássemos o alimento, passaríamos alí, pelo menos até o dia 4, ou 5 de janeiro. O peso, da bolsa com os alimentos, muito nos prejudicou durante o percurso da trilha até a praia. Mas saberíamos, que certamente fome não passaríamos em momento algum. Havia também o fato de que, durante nossa estada no acampamento, alguns de nossos amigos apareceriam por lá. No que contávamos, certamente mais 4 ou 5 pessoas passariam pelo nosso acampamento. Algumas permaneceriam.
Foi o que aconteceu. Já no primeiro dia começaram a surgir os participantes do reveillón alternativo.


Depois de muito procurar lenha, tomamos uma iniciativa: enquanto uns iriam buscar lenha descendo o riacho com um colchão inflável de casal, procurando um local  não explorado pelos outros que ali nas imediações acampavam; e outros iriam, com facão e serra de poda, buscar nas próprias árvores, galhos já comprometidos, pois ali haviam muitos galhos secos nas árvores. Nessa tarefa, todos nós fomos bem sucedidos. Sabíamos que ao cair da noite, teríamos uma fogueira bem acolhedora, que mesmo no verão ajuda de qualquer maineira um acampamento.
No meio da tarde, fomos visitados pelos nossos "vizinhos", que se apresentaram como Nico, e  Minhoca. Os dois, de uma simpatia cativante, residem na parte continental, ou seja, na Grande Florianópolis, complexos de cidades que dão nome à região. Depois de ficarem pelo nosso acampamento durante um tempo, voltaram para o deles, convidando-nos para visitá-lo mais tarde.
Depois de apenas alguns instantes, depois da saída de Nico e Minhoca, fomos visitádos por um cara chamado de Cabral - um punk, com moicano amarelo, trajando coturno e indumentárias militares. Conhecido de Fernando, permanecei por ali um tempo. O bastante para nos contar sua história. Ele dizia estar alí desde setembro do ano corrente (2010), era morador do Norte da Ilha, no bairro da Vargem Grande. Decidira partir nesta empreitada de viver ali amcampado, com o pretexto de desanuvia de idéias sem sentido. Figuraça que certamente deve estar por lá ainda.
Durante á noite, tudo correra bem a fogueira cantou alto e nos iluminou, e para conseguirmos mais luz, improvisamos alguns castiçais com a boca de garrafas pet cheias de arreia para dar sustentação à uma vela, e estes mesmos funis foram afixados em estacas de madeiras fincadas ao chão. Nossa iluminação estava completamente eficiente. 
Para não devermos na visita, fomos ao local indicado por Nico e Minhoca, e lá encontramos o acampamento deles ( que diga-se de passagem, muito bem estruturado). Fomos convidados para a janta, que consistia numa ótima feijoada - que mesmo com o calor um pouco excessivo, caiu bem ao estômago e não proporcionou nenhum mal estar, ou pesadelos durante o sono. Depois da janta, aquele bate papo, uma caminhada na praia, e nada mais restava além de uma bela soneca.


31/12/2011


Vista da Praia de Naufragados através da trilha que dá acesso ao farol
 
Nosso dia, começou com o calor incessante já logo nas primeiras horas da manhã. Uma chuva de verão também nos pegou de surpresa, mas nada que pudesse ter prejudicado nosso acampamento. Assim que cada um acordava, ia preparando seu café, ou seu leite.
Estávamos todos muito excitados, pois havia muitas coisas para se descobrir ainda. Muita coisa a aprender. Haviam os que queriam apenas aproveitar o bom tempo, o mar, e a praia, e haviam outros que estavam atentos a poder ter contato com novas idéias, novos artifícios. Depois de um ligeiro desjejum, fomos ao acampamento de Nico e Minhoca, que partiam para colher a lenha do dia. Assim sendo, saímos para um passeios nos arredores, para poder conhecer mais o ambiente. 
Enquanto Mei, lavava a louça, eu a observava e nós conversávamos. De re pente, avistamos do outro lado da margem do riacho de águas salobra, um roedor, que por falta de informação de nossa parte, não soubemos distinguir. Fica apenas a dica, o animal mede cerca de 1m de comprimento (contando com a cauda), focinho estreito e pontudo, que facilita o olfato, pelagem curta, variando entre o cinza e ocre, e o rabo, fino e sem pelagem. Ele estava bebendo água na margem do riacho.
Tratei logo, junto com Fernando, de fazer a coleta de lenha descendo o riacho. Eu que ainda não havia tido contato com essa atividade, estava me deliciando. O riacho, tinha profundidade média de 1,50m, mas que em alguns pontos passava de 1,80m. Depois de remarmos cerca de 100m pra dentro do rio, encontramos a paragem onde apanharíamos a lenha. Lá, por ser local de uma acessibilidade complicada, fazia com que houvesse lenha em abundância. A dica de irmos neste determinado local, fora dada por Nico e Minhoca, que de lá, também extraiam seu calor.
Pela hora do almoço, nos deliciamos com uma mesa farta. Havia muita coisa. Tanto que dava para abrirmos uma venda por ali. Desde leite em pó, até calabreza. Mais uma vez nos alimentamos muito bem, e depois do almoço, um descanso básico. 
No meio da tarde, resolvi andar pela praia. Sabia, que, um amigo meu de minha cidade, Ourinhos-SP, que sua mãe morava em Florianópolis, e assim sendo, estava em companhia de mais outros amigos do nosso rincão paulista. Era ele, Sílvio, Guaxinim, Pescador, Tati, e a Meg. Pela minha andança, nem indícios deles, mas eu sabia que estavam por lá. Faltava apenas achá-los.
Retornando para o acampamento, passei pelo acampamento de Nico e Minhoca. Lá conversamos sobre inúmeros assuntos, nos quais, dentre eles, a extração de alimento que o mar nos provém. Falamos sobre como armar armadilhas para pegar camarões e pitu, além de como extrair marisco das pedras do cantão da praia, e pegar siri. Encantado com as dicas obtidas, combinei com eles, que no dia seguinte, iríamos fazer este empenho.
Já nas instalações do nosso acampamento, todos reunidos, nos alimentamos, e começamos à nos preparar para a festa da virada de ano. Haviam chegado mais dois amigos para celebrar conosco. Eu e Fernando, começamos à montar a enorme fogueira dentro de uma clareira próxima do nosso acampamento. Ela seria majestosa. Alguns já começaram a beber antes do sol ir embora. Por volta das 21:30p.m, já ouviam-se prenuncios do que seriam as comemorações. Alguns rojões já explodiam e ecoavam aos quatro ventos. Ao total, haviam cerca de 10 pessoas na nossa trupe.
Por volta da 00:00a.m, quase todos já estavam inbebriados o suficiente para abrir caminho nas matas com as pernas. Iam abrindo caminho em meio à escuridão. Tal foi o nível de embriaguez e de descuido entre os participantes, que a cozinha instalada por Fernando, fora pisoteada e desfeita durante à noite. O grande atrativo da noite, foi uma garrafa de cachaça de alambique, produzida pelos nativos dos arredores de naufragados. Um deleite. Agora era só esperar a ressaca no dia seguinte.


01/01/2011

Canto direito da praia ( ao fundo o Farol)

O Farol
Caminho de acesso às pedras para extração de marisco

Chegando ao Cantão, Minhoca, prontamente se pôs dentro da água junto com Franco. Minhoca, explicou à mim e à Fernando, para ficarmos de olho na maré, que com sua sequência de ondas, haveriam de prejudicar os extratores. A ténica de observação consistia em avisá-los a cada três ondas fracas, vinha uma forte, que se não previamente observada, poderia colocar a vida dos extratores em risco, pois os jogaria fortemente contra as pedras. No momento da onda forte, Minhoca e Franco, seguravam-se como podiam nas rochas para não serem arremessados contra as mesmas.
Depois de cerca de 40 minutos de extração, estávamos com cerca de 10kg de mariscos em casca ainda, o que depois de retiurados da carapaça, não passaria de 3 ou 4 quilos. Nosso almoço fora uma mariscada digna de qualquer marajá.
Durante a tarde, Nico me ensinaria como armar as armadilhas para pegar os camarões e os pitus. A técnica consiste em você cortar os gargalos de garrafas pet de 2l, depois, encha o fundo com pedaços de pão e água. Ao completar, coloque o gargalo da garrafa, como um funil dentro da garrafa. O buraco do funil será a passagem onde os camarões e os pitus irão entrar para se alimentar dos pedaços de pão, e não conseguirão passar pelo mesmo buraco para sair. Amarre a garra numa corda, amarre a beira de um riacho de águas salobra, coloque a garrafa imersa e aguarde. Em algumas horas, suas garrafas estarão repletas deste alimento. De nossa experiência, a garrafa mais cheia, continha cerca de 18 camarões e pitus, todos amontoados, presos, esperando serem limpos, e irem para a panela.
Durante a tarde, alguns de nossos companheiros, debandaram. Ficamos apenas em 6 pessoas, o que facilitou e muito a administração do acampamento. Passamos a tarde nos divertindo no que aquele paraíso nos proporcionava. O ponto alto da diversão, era surfar no colchão inflável. Realmente, muito engraçado!
A noite, em vista do cansaço, nos alimentamos e rapidamente, sem muito papo, nos colocamos à dormir. Neste momento, já sofríamos com a moléstia que mais nos perturbou durante o acampamento - os carrapatos, carinhosamente apelidados de micuins. Os pequenos insetos, se alocaram nas regiões mais peludas dos garotos. Não havia um que não saía por aí reclamando, e se coçando.

Eis aí o carrapato "micuim"


02/01/2011

Devido ao ataque massivo dos "micuins", muitos, no dia 02, debandaram. Era muito stress ficar se coçando sem parar. Por fim, sobraram apenas, eu e Franco, que ao que me parece, por já ter tido contato anterior com os carrapatos, assim como eu, ficou tranquilo. Porém, eu também decidira levantar acampamento e ir embora.
No caminho na praia, em direção à outra trilha de acesso à praia, encontrei finalmente meus amigos de Ourinhos. Tínhamos nos encontrado durante a festa de reveillón, mas como eu estava mais pra lá do que pra cá, imaginei ter sido um sonho, uma projeção, o encontro na virada do ano. Decidi assim, armar acampamento com eles, pois poderia aproveitar pelo menos mais dois dias ali naquele lugar maravilhoso. Voltei ao antigo acampamento, onde havia deixado minhas provisões com Franco. Agora iria prescisar delas. No entanto era pouca coisa.
No almoço, nossa refeição, fora arroz com seleta de legumes, e um gomo de calabresa. Passamos o resto do dia nos afazeres de manutenção do acampamento. O grande problema que enfrentaríamos a noite seria, a falta de alimento. Não obstante dos obstáculos, fui até o acampamento de Nico e Minhoca, onde lá me armei de uma tarrafa emprestada por eles. Na noite, é muito bom para pescar naquele mesmo riacho de águas salobras onde pegamos camarões anteriormente.
Nico e eu, fomos em busca de peixes no riacho, e de siris na beira da praia. Numa primeira tarrafada, peguei cerca de 8 tainhas jovens, com cerca de 20 cm de comprimento. Depois, partimos em busca dos sirirs na praia. Pegá-los foi muito mais trabalhoso do que pescar as taínhas, já que em apenas uma lançada de rede, pequei tantos peixes, ao contrário do que acontecera com os siris. Cerca de 1 hora de caça, apanhamos cerca de 10 siris apenas.
Ao retornar para o acampamento dos ourinhenses, estes por sua vez, ficaram muito feliz com a pesca que eu troxuera. Pescador,. exímio na arte de pescar e limpar peixes, rapidamente colou-se à limpar os peixes. Em 40 minutos, estava servido um belo prato de arroz, com tainha frita. Depois, na calada da noite, quando estávamos com fome novamente, fizemos os siris cozidos. Para alguns alí, era a primeira vez que comiam, e parecia uma iguaria.

Camarão

 
Pitu

Siri

 Tainha
Marisco


03/01/2011

Já de manhã, prontificamos à preparar uma alimentação, desarmar o acampamento. Acordamos tarde, e por sua vez, aos domingos, o trânsito de ônibus no sul da Ilha de Florianópolis, e muito ruim. Poucos horários para atender a população de moradores e de turistas.
Por sorte, logo ao saírmos e completarmos a trilha de volta, 15 minutos depois de chegarmos ao ponto de ônibus, o mesmo chegou. Saímos de Nuafragados às 15:00p.m, e eu cheguei na casa de meu pai por volta das 18:00p.m. Feliz da vida pela experiência.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lista de Equipamentos Básicos Para Incursão de 3 Dias na Selva

Para uma campanha de 3 dias em mata ou selva, é necessário levar alguns utensílios básicos para tarefas gerais, tais como os intrumentos para exploração dos atributos do local,  além de alguma provisão alimentícia para que não se sofra algum tipo de injúria. Deixo claro aqui que, além da lista ser para uma perspectiva de um indivíduo, a mesma aplica-se apenas ao que diz de um estado consensual de expedição. Certamente, na ocorrência de uma adversidade, salvo um ou putro utensílio desta lista, será encontrado. Atenção pois, a lista descrita abaixo, deve ser usada apenas por pessoas inexperientes nas práticas de acampamento em ambiente hostil. Serve apenas como recurso para uma introdução ao universo das aventuras na natureza selvagem.

- UTENSÍLIOS DE ACAMPAMENTO

1 Mochila 50l
1 lona 2mx2m
6m de corda 5mm (cortado em 4 partes de 1,5m)
2m de corda 10mm
1 faca tipo caçador (aprox. 15cm/20cm)
1 canivete multifunções
1 facão 18" ou 1 serra de poda 12"
6 Caixas de Leite vazias para cozer alimentos
1 garfo
1 faca
1 colher
1 prato de alumínio

- PESCA (linhada)

10 anzóis pequenos
10 anzóis médio
10 anzóis grande
10 bóias  de diversos tamnhos
10 chumbadas de diversos pesos
1 tela de 1mx1m (no caso de pequenos manaciais onde habitam pequenos peixes)

A preocupação quanto à iscas utilizadas é quase nula, em vistra que no mato, haverão inúmeras possiblidades de banquetes, para o que será mais tarde, sua refeição.

- PRIMEIROS SOCORROS

1 pacote de gaze
1 rolo de esparadrapo
100ml de Iodo

- PROVISÕES ALIMENTÍCIAS

300g de proteína de soja texturizada
600g de arroz
3 seletas de legumes
300ml de mel
sal
-VESTUÁRIO*
1 calça de tecido resistente (brim, etc...)
1 calça de tecido sintético (tactel)
2 pares de meias
2 pares de roupas íntimas
1 coturno de couro com solado para qualquer ambiente

* caso de incursão no inverno, acrescentar à lista 1 touca de lã, além de, 1 par de luvas, 2 agasalhos para o clima frio.




Para que não haja problemáticas quanto à qualquer aventualidade que ocorra, escolha sempre um local onde o mesmo, possa lhe prover recursos, tal como águal potável e caça/pesca. Se lhe for permitido, busque suas provisões do que a natureza lhe proporciona. Detalhei, apenas a PESCA como técnica de se obter alimento, pois é milenar e de conhecimento comum, além de que, se o ambiente é propício, a facilidade com que se mostrará obter peixes, será muito maior do que caçar um roedor, ou alguma ave.  
Caso tenha problemas, principalmente quanto á qualidade da água onde você está, procure assim, um ambiente onde, há não muitos quilômetros de dustância, possa haver um vilarejo, ou até mesmo um posto de fiscalização da polícia ou de outro órgão governamental. Nesses lugares, a água tende à ser mais tratada do que dentro da mata.
Outro indicador básico, é ter um conhecimento prévio do ambiente onde pretende aventurar-se. Adentrar matas desconhecidas, pode acarretar sérios problemas para o indivíduo. Estude sobre plantas que tem atributos curativos, pois as mesmas, poderão ajudar-lhe caso se machuque. Lembre-se, a planta "babosa" tem princípios muito curativos e cicatrizantes, além de ser encontrada com facilidade nas matas brasileiras.

RESPEITE AS REGRAS VIGENTES PARA QUALQUER INCURSÃO NA MATA. MESMO NOS PARQUES ECOLÓGICOS, COMO EM GRANDES PRADARIAS PARTICULARES.



CASO ALGO GRAVE ACONTEÇA, RETORNE E PROCURE SOCORRO. 


SE VOCÊ TIVER UM CELULAR COM BOA AUTONOMIA DE ENERGIA DE BATERIA LEVE-O CONSIGO, ALÉM DE DOCUMENTAÇÃO PARA IDENTIFICAÇÃO (Uma embalagem hermeticamente fechada, ajudará para que estes pertences não sejam prejudicados caso molhe).

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre os Escorpiões Brasileiros




Os escorpiões têm hábitos noturnos e, durante o dia, escondem-se sob cascas de árvores, pedras e dentro de domicílios, principalmente em sapatos. Podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil. Os escorpiões picam com a cauda, causando muita dor local, que se irradia; pode ocorrer suor, vômitos e até mesmo choque. No Brasil, os de importância médica pertencem ao gênero Tityus.

Escorpião Amarelo (Tityus serrulatus)

Amarelo claro, com manchas escuras sobre o tronco e na parte inferior do fim da cauda, podendo chegar a 7cm. O quarto anel da cauda possui dentinhos formando uma serra. É encontrado nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Escorpião Marrom (Tityus bahiensis)

Marrom avermelhado escuro, braços e pernas mais claros, com manchas escuras, pode ter até 7cm. Não possui serrinha na cauda. É encontrado nos Estados de Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Além dos citados acima existem outros escorpiões do mesmo gênero: o Tityus stigmurus, encontrado nos Estados da Região Nordeste do país; o Tityus cambridgei, na Região Amazônica e o Tityus metuendus, nos Estados do Amazonas, Acre e Pará.

Tratamento

O tratamento consiste na aplicação local de anestésico e, nos casos mais graves, deve ser usado o soro antiescorpiônico ou antiaracnídico.
 Escorpião Marrom
Escorpião Amarelo 





Fonte do Texto: www.butantan.com.br



Sobre as Aranhas Brasileiras

Das milhares de espécies existentes no Brasil, poucas oferecem perigo ao homem. No entanto, algumas espécies, abaixo apresentadas, podem provocar envenenamento, com acidentes eventualmente fatais, principalmente em crianças.

Aranhas venenosas:

Phoneutria sp. (armadeira)

Phoneutria sp. (armadeira)
Phoneutria sp. (armadeira)
As aranhas armadeiras possuem cor cinza ou castanho escuro e pelos curtos no corpo e nas pernas. Próximo aos ferrões os pelos são vermelhos. Quando adultas, chegam a atingir até 17 cm de comprimento, incluindo as pernas. O corpo tem de 4 a 5 cm. Não fazem teias, são errantes e solitárias, podendo ser encontradas em lugares escuros, vegetação (cachos de bananas, por exemplo). Podem entrar por debaixo das portas das residências, escondendo-se dentro de calçados.
Geralmente à noite saem para caçar. São muito agressivas e assumem postura ameaçadora, "armando o bote", de onde vem seu nome. São comuns os acidentes, podendo ser graves para crianças menores de 7 anos. O sintoma predominante é uma dor intensa no local da picada. O tratamento em geral consiste de aplicação local de anestésico e, em casos graves, de aplicação do soro antiaracnídico.

Loxosceles sp. (aranha marrom)

Loxosceles sp. (aranha marrom)
Loxosceles sp. (aranha marrom)
Possui cor amarelada, sem manchas. Chega a atingir de 3 a 4 cm, incluindo as pernas. O corpo atinge de 1 a 2 cm. Os pêlos são poucos, curtos, quase invisíveis. Essas aranhas vivem em teias irregulares, semelhantes a um lençol de algodão, construídas em tijolos, telhas, tocos de bambu, barrancos, cantos de parede, garagens, geralmente em lugares escuros. Não são agressivas e os acidentes são raros, porém geralmente graves. Os primeiros sintomas de envenenamento são uma sensação de queimadura e formação de ferida no local da picada. O tratamento é feito com soro antiaracnídico ou antiloxoscélico.

Lycosa sp. (aranha de grama)

Lycosa sp. (aranha de grama)
Lycosa sp. (aranha de grama)
Possui cor acinzentada ou marrom, com pêlos vermelhos perto dos ferrões e uma mancha escura em forma de flecha sobre o corpo. Atinge até 5 cm de comprimento, incluindo as pernas. O corpo atinge de 2 a 3 cm. Vivem em gramados e residências. Os acidentes são freqüentes, porém não são graves, não necessitando de tratamento com soro.

Caranguejeiras (diversos gêneros)

Caranguejeiras (diversos gêneros)
Caranguejeiras (diversos gêneros)
As caranguejeiras são aranhas geralmente grandes, com pêlos compridos nas pernas e no abdômen. Embora sejam muito temidas, os acidentes com elas são raros e sem gravidade, e por isso não se produz soro contra seu veneno.

Latrodectus sp. (viúva negra)

Latrodectus sp. (viúva negra)
Latrodectus sp. (viúva negra)
Possui cor preta, com manchas vermelhas no abdômen e às vezes nas pernas. São aranhas pequenas: a fêmea tem de 2,5 a 3 cm (o corpo com 1 a 1,5 cm) e o macho é de 3 a 4 vezes menor. Vivem em teias que constroem sob vegetação rasteira, em arbustos, plantas de praia, barrancos, etc., em lugares escuros. Conhecem-se no Brasil apenas alguns acidentes de pequena e média gravidade, não se produzindo soro contra as espécies brasileiras.
As aranhas que constroem teias aéreas de forma geométrica (circular, triangular, etc.), como as espécies de Nephila e outras, não oferecem perigo, mesmo quando são de tamanho grande.

PRIMEIROS SOCORROS
Nos acidentes por aranhas e escorpiões com dor intensa, práticas como espremer ou sugar o local da picada, tem demonstrando ser de pouca eficácia. O tratamento sintomático, à base de anestésicos e análgésicos, têm sido utilizado com resultados satisfatórios na maioria dos casos. Se o acidentado for criança menor de 7 anos, o procedimento mais indicado é vir ao Hospital do Instituto Butantan, que está sempre aberto
OBS. Capturar o animal que causou o acidente e trazê-lo junto com a pessoa picada, facilita o diagnóstico e o tratamento correto.



FONTE DO TEXTO: www.butantan.com.br

Sobre as Cobras Brasileiras






Jararacas, Cascavéis e Surucucus
A maioria dos ofídios brasileiros pertencem à família Viperidae e estão agrupados em 3 gêneros: 1. Bothrops – são as jararacas. Jararaca é um nome enganoso porque, tanto se refere a uma espécie, a Bothrops jararaca, como é o nome coletivo do gênero Bothrops. Compreende umas 20 espécies: B. jararaca, que é a jararaca propriamente dita, B. alternatus, que é a urutu ou cruzeira, B. atrox, também chamada de jararaca ou de combóia, B. bilineatus que é verde e vive nas árvores e, por isso, chamada de cobra-papagaio, a B. insularis, uma jararaca singular que só tem na Ilha Queimada, no litoral paulista, na altura da cidade de Santos. O veneno dessa jararaca é muito potente, pelo menos para pássaros dos quais essa cobra se alimenta quase que exclusivamente.
Se não fosse isto, o animal morreria de fome, pois, após a picada os pássaros voariam muito longe, fora da alcance da serpente. E assim há muitos outros ofídios do gênero Bothrops cujos representantes são encontráveis em todo território nacional.
2. Crotalus – são as cascavéis, com seu guizo ou chocalho típico. A espécie é durissus, com numerosas subespécies, todas muito parecidas umas com as outras. Sua distribuição geográfica é mais restrita a áreas secas e arenosas das regiões sul, sudeste e centro do país. O maior número de acidentes por cascavel ocorre no Estado de São Paulo.
3. Lachesis – é a surucucu, o maior dos ofídios venenosos do país. A espécie encontrada com maior freqüência é a Lachesis muta muta, que pode alcançar 3 metros ou mais de comprimento. Na fronteira da Amazônia brasileira com outros países existem algumas outras subespécies. A particularidade mais chamativa da surucucu é a mudança da posição das escamas na ponta da cauda. Em vez de ficarem deitadas sobre o corpo, nesta região as escamas estão eriçadas. É uma serpente cujo habitat é a floresta tropical e, portanto, são mais comuns no norte do Brasil.
Todas essas cobras da família Viperidae têm uma cabeça grande, triangular, visivelmente mais larga do que o corpo. A presença da fosseta loreal é constante e são solenóglifas sem exceção (como já foi explicado, as serpentes solenóglifas possuem presas grandes e móveis canalizadas, na região anterior da maxila). A cauda é importante. Nas jararacas ela afina bruscamente, ao contrário dos ofídios não peçonhentos nos quais o adelgaçamento da cauda é gradual. A cauda das cascavéis termina em um chocalho característico e as surucucus possuem escamas eriçadas nesta região.
Pode-se dizer que todas elas são mais ativas durante a noite, porém não são animais de hábitos estritamente noturnos.

Cobras Corais
À família Elapidae pertence o gênero Micrurus que é das serpentes corais venenosas. Temos várias espécies, corallinus, fisherii, frontalis, etc... todas com características marcantes: são ofídios pequenos, de 15 a 60 cm de comprimento, excepcionalmente 1 metro, tendo anéis de cor negra e vermelha, ou, ainda, branca e amarela, bem brilhantes e muito nítidos. A cabeça dessas cobras é pequena e estreita, quase da mesma largura que o corpo e não possui fosseta loreal. A boca também é pequena e as presas são do tipo proteróglifo, isto é, com sulcos e fixas na região anterior do osso maxilar. Estes detalhes são quase que irrelevantes considerando o colorido inconfundível da pele destes ofídios. Não há como não reconhecê-los. A única confusão possível é com a cobra-coral-falsa. Esta é de outra família, Aniliidae, e é uma serpente áglifa, sem presas. Tem anéis pretos e vermelhos mas menos nítidos que as corais verdadeiras.
 Surucucu pico de jaca
 Urutu
 Jararaca do Brejo
 Cascavel

 Coral Falsa (acima) e Coral Verdadeira (abaixo)
A famosa Jararaca
Não procure distinguir as cobras corais verdadeiras das falsas.
Deixe este trabalho para especialistas e não mexa com essas serpentes porque são extremamente venenosas!
As cobras corais têm hábitos noturnos e subterrâneos. Ficam embaixo de folhas, de tocos podres ou da terra fofa. São encontráveis em todas as regiões do Brasil.
O reconhecimento de serpentes peçonhentas deveria fazer parte do currículo escolar, principalmente nas áreas rurais do Brasil. Nós teremos que recapitular alguns pontos já colocados mas, antes, tentaremos explicar o porquê da importância do assunto.
O problema central é o tratamento das vítimas de mordidas de cobra. Essencialmente, isto é feito com a soroterapia que deverá ser a mais específica possível.
Vejamos isto:
O antídoto contra o veneno é preparado a partir de soro de cavalos que são imunizados contra a peçonha de cobras. Doses crescentes de veneno são injetadas durante um período para que o animal fabrique anticorpos contra o mesmo. Depois, retira-se o sangue do cavalo e prepara-se o soro anti-ofídico para uso em pacientes mordidos por ofídios.
É possível injetar mais de um tipo de veneno, por exemplo de jararaca e cascavel no cavalo, a fim de que faça anticorpos contra ambos os serpentes. Isto é feito e existem soros bivalentes: antibotrópico e anticrotálico (contra jararaca e cascavel), antilaquético e antibotrópico (contra surucucu e jararaca), etc...
Entretanto, a eficiência da terapêutica é muito maior com um soro específico do que com soros multivalentes. Assim, se o acidente for com cascavel é muito melhor injetar no paciente soro especificamente anticrotálico, do que um soro polivalente.
( Esquema da produção de soro)
Esperamos que tenha ficado claro que, se o cidadão acidentado informar corretamente ao médico o tipo de cobra que o mordeu, ele receberá uma terapêutica muito mais eficaz. Em caso de dúvidas, lhe será administrado soro polivalente de menor eficiência para combater o veneno ofídico.
Talvez, neste momento, você esteja formulando duas perguntas:
a) "O médico não é capaz de diagnosticar pelos aspectos clínicos o tipo de cobra que mordeu a pessoa ?"
b) "Será que o hospital não tem algum teste para detectar o tipo de veneno ?"
Ambas são excelentes questões e vamos respondê-las.
a) A prática clínica com vítimas de ofídios peçonhentos leva ao reconhecimento correto do serpente responsável pelo acidente. Portanto, a resposta é de que o médico é capaz de diagnosticar pelos aspectos clínicos o tipo de cobra que mordeu a pessoa. Mas, e é um mas grande, são poucos os profissionais que têm a prática necessária para fazer este diagnóstico. Lembre-se que no início dissemos que mensalmente existem 1.500 a 2.000 casos de ofidismo ? Isto no Brasil todo. Quantos serão os médicos que têm experiência suficiente para reconhecer os quadros clínicos específicos de cada gênero de serpente ? Certamente poucos. Só aqueles que trabalham nos grandes centros de referência para tratar estes acidentados. Por exemplo, Hospital "Vital Brasil", Hospital das Clínicas de Botucatu, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e alguns outros centros que concentram os casos de ofidismo no país.
b) Quanto a exames laboratoriais para diagnosticar tipos de venenos de cobra, eles existem e são capazes de identificar o veneno e até a quantidade que foi injetada pelo animal. Porém, há dois obstáculos a vencer: primeiro, a lentidão desses testes – os pacientes não podem aguardar horas – segundo, a dificuldade técnica e o custo, que limitam sua utilização aos centros de excelência. Os acidentes ofídicos ocorrem, na mais das vezes, longe dos hospitais bem equipados e, quando os pacientes chegam aos postos de atendimento, é preciso agir com rapidez e com os meios disponíveis: soros e outros remédios.
Certamente, até que não haja um meio de diagnosticar o tipo de veneno nos centros médicos e postos de saúde em todo o país, é importante que a vítima seja capaz de informar a espécie (pelo menos o gênero) de cobra que a mordeu: jararaca, cascavel, surucucu ou coral. Levar o ofídio – vivo ou morto – até o centro médico é uma ótima idéia, desde que a captura ou matança do animal não resulte em novas mordidas.
Examine essa tabela de reconhecimento de serpentes peçonhentas. Ela mostra os pormenores: tipo de cabeça, fosseta loreal, dentição, aspecto das escamas e cauda.

Venenosas Não Venenosas

Cabeça chata, triangular, bem destacada.

Cabeça estreita, alongada, mal destacada.

Olhos pequenos, com pupila em fenda vertical e fosseta loreal entre os olhos e as narinas (quadradinho preto).

Olhos grandes, com pupila circular, fosseta lacrimal ausente.

Escamas do corpo alongadas, pontudas, imbricadas, com carena mediana, dando ao tato uma impressão de aspereza.

Escamas achatadas, sem carena, dando ao tato uma impressão de liso, escorregadio.

Cabeça com escamas pequenas semelhantes às do corpo.

Cabeça com placas em vez de escamas.

Cauda curta, afinada bruscamente.

Cauda longa, afinada gradualmente.

Quando perseguida, toma atitude de ataque, enrodilhando-se.

Quando perseguida, foge.
Tudo poderá ser facilmente verificado, se tivermos um animal morto ou imobilizado que poderá ser examinado com calma e minuciosamente. Na prática, quando ocorrem os acidentes, a situação é bem outra, no entanto há algumas observações que geralmente dá para fazer.
1. Verifique a coloração do corpo do animal que lhe mordeu. Os característicos anéis coloridos das cobras corais são gritantes. Você poderá dizer ao médico se foi ou não uma cobra coral. A confusão com as serpentes corais falsas é irrelevante, pois não trará nenhum perigo à sua saúde.
2. Se não for coral, veja bem a cauda da cobra se tem ou não o chocalho típico da cascavel. O chocalho também se ouve: antes de dar o bote, a cascavel balança vigorosamente a cauda para lhe espantar com o ruído. Repetimos que o chocalho é muito óbvio e fácil de reconhecer. Já as escamas eriçadas da cauda da surucucu é muito mais difícil de ver.

Chocalho
As serpentes crescem rapidamente após o nascimento e alcançam a maturidade após 2 anos (as grandes cobras, jibóia e sucuri, após 4 ou 5). Durante suas vidas os ofídios mudam a pele regularmente e é comum encontrar-se cascas de serpentes abandonadas no campo. A cascavel, por razões não bem entendidas, em vez de sair completamente de sua pele antiga, mantém parte dela enrolada na cauda em forma de um anel cinzento grosseiro. Com o correr dos anos, estes pedaços de epiderme ressecados formam os guizos que, quando o animal vibra a cauda, balançam e causam o ruído característico. A finalidade é de advertir a sua presença e espantar os animais de grande porte que lhe poderiam fazer mal. É uma ótima chance de evitar o confronto.
3. Tome nota da hora em que você foi picado. É uma informação preciosa ao posto de socorro. Por exemplo, poderá servir ao médico para diferenciar a cobra coral verdadeira da falsa: se após pouco tempo você não tem nenhum dos sintomas clínicos de envenenamento ofídico, ficará algum tempo em observação sem tomar soro. O tempo decorrido entre o acidente e a intensidade dos sintomas também é fundamental para avaliar a gravidade do caso e guiará a terapêutica a ser aplicada.
4. Se não tiver nenhuma observação sobre a cobra, pelo menos informe os aspectos do local em que aconteceu o acidente: floresta, areia, rochas expostas, etc...
De tudo que foi dito, é simples deduzir que a maior dúvida é sempre entre a jararaca e a surucucu.
Antes de mais nada, vamos dizer o que NÃO FAZER. Lamentamos desapontar você e contradizer todos os filmes, livros e histórias de aventuras, quando homens-macacos, heróis do faroeste, nobres selvagens e mocinhos de todos os tipos, aplicam torniquetes na perna, cortam os músculos com a faca, chupam o veneno com a boca e aplicam brasas, ferros incandescentes, fumo, bosta de vaca e outros remédios heróicos sobre a mordida de cobras.
Não faça nada disto. Nem o torniquete. Tampouco aplique pó de café, querosene ou teia de aranha, seguindo a sabedoria popular. Hoje, a experiência nacional é muito grande e sabe-se que todas essas tentativas de cura, consagradas ao longo dos tempos, só prejudicam. Repetimos: não faça intervenção alguma, é melhor. Procure manter a calma: lembre-se que a maioria dos acidentes ofídicos não matam nem mesmo quando não tratados; lembre-se que a soroterapia resolve seu caso, mesmo se instituída muitas horas – 6 a 12 horas – depois. Se sentir dor, tome um analgésico.
"Se tiver ampolas de soro anti-ofídico por perto?"
Primeiro considere as condições de armazenamento. As ampolas de soro anti-ofídico devem ser conservadas em geladeira entre 4oC e 6oC positivos; na temperatura ambiente duram pouco: alguns meses. A seguir, observe a validade dos soros, pois é muito comum estarem vencidos há anos. Depois de certificadas as condições de estocagem e o vencimento das ampolas, elas devem ser aplicadas mas não por você, sobretudo se estiver sozinho. É um remédio para mãos experientes. A soroterapia tem suas dificuldades que colocaremos logo mais. Busque socorro e leve as ampolas consigo.
O que fazer?
Procure imediatamente chegar ao primeiro centro médico que tiver a seu alcance e transmita suas observações (aquelas quatro observações mencionadas no texto sobre o "reconhecimento das cobras venenosas") à primeira pessoa que lhe socorrer, a fim de que, em caso de desmaio, haja alguém para prestar informações ao médico. Se estiver fácil, lave o local da mordida com água e sabão mas não perca tempo: procure um centro médico.
O que é que o médico vai fazer ?
Ao chegar no posto médico, sua história será ouvida enquanto a região mordida for lavada. Depois seguirá um exame cuidadoso. As primeiras preocupações serão de diagnosticar o tipo de cobra responsável pelo acidente e avaliar a intensidade do envenenamento. O médico procurará examinar bem as alterações locais, isto é a região em que você foi picado e, também, as suas condições sistêmicas ou gerais.
A região mordida por cobras dos gêneros Bothrops e Lachesis são os que mais provocam manifestações locais. Aparecem a dor, o edema (inchaço), hemorragia, bolhas na pele, reação inflamatória, com ou sem infecção, e a necrose (morte do tecido), em graus variados. Quanto mais intensos forem esses sinais, maior dose de soro será lhe administrado. A cascavel e a cobra coral não costumam dar sinais locais importantes, a não ser quando é aplicado garrote, incisões a faca, etc... Contudo, a primeiro costuma deixar sinais evidentes da picada, visto que suas presas são bem desenvolvidas, enquanto que a segunda, praticamente, só deixa escoriações.
Os aspectos sistêmicos variam bastante:
bullet As cobras dos gêneros Bothrops e Lachesis causam hemorragias várias, das gengivas, do tubo digestivo e dos rins, principalmente. Também provocam choque (queda da pressão arterial) e insuficiência renal. A surucucu tem neurotoxicidade maior e, portanto, pode causar choque mais precocemente do que a jararaca, devida uma forte estimulação vagal (sistema nervoso autônomo).
bullet A mordida da cascavel é seguida de náuseas e vômitos. Pouco tempo depois, nas primeiras 6 horas, aparecem queda de pálpebra, distúrbios visuais, dificuldade de movimentação dos membros e, até, dos movimentos respiratórios. São os sinais típicos da neurotoxicidade do veneno crotálico. A vítima também se queixa de dores musculares generalizadas, pois o veneno é miotóxico. Em fases avançadas, costuma instalar-se a insuficiência renal.
bullet A coral é basicamente neurotóxica e impede a transmissão do sinal nervoso ao músculo. Seu veneno potente provoca queda de pálpebra, distúrbios visuais e paralisias musculares graves. Ainda bem que o animal é pequeno e, em geral, inocula pouco veneno.
Feita a avaliação, a equipe do hospital instalará a soroterapia, a mais específica possível. Você receberá de 4 a 12 ampolas de 10 ml cada, dependendo da gravidade do seu caso, por via intravenosa. Após o medicamento anti-ofídico, receberá soro glicofisiológico pela veia, a fim de evitar a insuficiência renal. Também lhe aplicarão uma injeção de soro antitetânico, profilaticamente. Se existirem complicações, como infecção, necrose ou insuficiência renal aguda já instalada, as medidas serão, respectivamente, antibioticoterapia, intervenção cirúrgica para remover os tecidos necrosados e diálise renal. Em caso de acidentes causados por cobra coral ou cascavel, o médico observará a ação neurotóxica do veneno e tratará de corrigir a situação com medicações que ajudam a neurotransmissão, que fica seriamente comprometida e provoca as paralisias.
Finalmente, o médico terá que observar cuidadosamente suas reações durante a soroterapia. É que, com certa freqüência, aparecem reações de hipersensibilidade, imediatamente na hora da administração do antiveneno ou até um dia após a mesma, que precisam ser controladas. Isto é feito com vários medicamentos simpatomiméticos (adrenalina, por exemplo) e anti-histamínicos. Considerando as reações de hipersensibilidade, é que se desaconselha que a soroterapia seja instalada por leigos.
 
Existem venenos quimicamente simples como, por exemplo, o cianeto de potássio, e venenos complexos como é o caso das serpentes. A fórmula do famoso cianeto é KCN, uma molécula de potássio, uma de carbono e uma de nitrogênio, e aí está o mortal inibidor da respiração celular. Já os venenos de cobra não podemos expressar por uma fórmula, pelo menos sem ser quilométrica para cada espécie! Trata-se de um conjunto muito rico de enzimas, de tóxicos e outras proteínas e variam, não apenas com a espécie, mas, também, dentro da espécie, com a idade e estado metabólico do animal. Melhor do que analisar bioquimicamente, é descrever as suas principais propriedades:
Ação Proteolítica. Diversas proteínas do veneno são capazes de lesar e mesmo necrosar os tecidos. Provocam uma reação inflamatória intensa, como é o caso das jararacas e das surucucus. Rompem a coesão das paredes vasculares e provocam hemorragias. Estas propriedades são responsáveis, principalmente, pelas lesões locais.
Ação sobre a Coagulação do Sangue. O sangue flui em nossas veias em delicado estado de equilíbrio: não deve coagular a toa e nem pode ser incoagulável. Os venenos dos ofídios perturbam esse equilíbrio e têm poder coagulante e hemorrágico, ao mesmo tempo. Desencadeiam a coagulação do sangue na microcirculação, bloqueando o fluxo sangüíneo e dificultando a oxigenação de certos tecidos, o renal por exemplo. Com o decorrer do tempo, as enzimas tóxicas dos ofídios atuam sobre a fibrina, que é uma proteína fundamental para fazer um coágulo, diminuindo sua quantidade e prejudicando sua qualidade, e, portanto, começam impedir a coagulação do sangue que corre nos vasos do corpo (isto sem desfazer os coágulos que causaram na microcirculação). O cenário está pronto para as hemorragias, que podem ocorrer nas mais diversas partes do corpo através dos vasos lesados, e que continuam sem cessar por causa da ação anticoagulante dos venenos.
Ação Neurotóxica. Sobretudo a cascavel e a cobra coral possuem neurotoxinas potentes que provocam paralisias musculares. A transmissão dos impulsos nervosos para os músculos faz-se através de sinapses. A cascavel produz uma fração tóxica que é pré-sináptica, isto é, inibe a liberação de acetilcolina pelos impulsos nervosos. A coral, ao contrário, tem uma ação pós-sináptica, bloqueia o receptor nicotínico da acetilcolina. Em outras palavras, há liberação de acetilcolina, porém ela não consegue atuar sobre os receptores pós-sinápticos que estão ocupados pelo veneno. Em ambas as situações, não chega nenhum sinal ao músculo que se mantém inerte, paralítico.



Texto extraído do site www.saudetotal.com.br. O brilhante e elucidativo artigo, fora escrito pelo Prof. Dr. György Miklós Böhm**




** GYÖRGY MIKLÓS BÖHM nasceu em Budapeste, Hungria, em 04/12/1936, foi para Dinamarca em maio de 1945 e, chegou no Brasil em dezembro de 1947. Viveu em Porto Alegre e formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1961. No mesmo ano obteve o título de Doutor em Medicina e, em 1962, foi contratado pela Universidade de São Paulo. Primeiro, trabalhou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e, desde 1977, na Faculdade de Medicina da USP, na cidade de São Paulo.
Fez o seu pós-doutoramento no Departamento de Patologia do St. Bartholomew's Hospital, Londres, de 1964 a 1965, sob a orientação do Professor Walter Graham Spector. Desde então se dedica à Patologia Experimental.